IDEOLOGIA DE GÊNERO?

Para uma melhor compreensão sobre a "Ideologia de gênero" o CRESS/AL socializa um texto sobre o assunto!

03/07/2015 às 20h25

IDEOLOGIA DE GÊNERO?

ELVIRA SIMÕES BARRETTO*

 

 

Outro dia, estando no elevador, entra uma vizinha, mãe de uma criança de 5 anos, e me diz: “Que bom te ver. Sei que você gosta dessas histórias de gênero...estou assustada recebendo umas mensagens dizendo que o governo quer impor uma ideologia de gênero para as crianças na escola, desde pequenininhas. Mandaram umas cartilhas e estou em pânico; uma coisa horrível”. Nesse mesmo dia, no supermercado, uma conhecida proprietária de uma escola, aborda-me aflita: “[...]Meu Deus... é verdade o que vai acontecer? Nós vamos ter que trabalhar Aquelas cartilhas absurdas para as crianças? E essa ideologia de gênero? A gente tem que ensinar às crianças que não existe nem homem nem mulher e incentivar a homossexualidade?”. Passando os dias, fui ficando assustada pois percebi que havia se instalado uma histeria coletiva em torno do assunto. Vou compartilhar um pouco do que conversei com algumas pessoas. Vejamos: não existem, de forma alguma, cartilhas para introduzir a “ideologia de gênero” nas escolas, o que vem circulando na internet, no whatsApp e outras mídias não passa de especulações vulgares para confundir, irresponsavelmente, o que realmente está posto para debate e análise, ou seja, a versão preliminar do PLANO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO (PEE), encaminhado para a Assembleia Legislativa, aberto para apreciação até o momento de aprovação no parlamento. Sobre a chamada “ideologia de gênero”, desconheço formulação séria e fundamentada dessa terminologia tendenciosa. É importante saber que existem importantes trabalhos de pesquisadores/as, junto com a UNESCO (ver p. ex. www.unesco.org), entre outros órgãos nacionais e internacionais, que se debruçam em questões centrais da vida em sociedade, desde a expressão contundente de barbárie humana, com o extermínio de judeus e homossexuais através do nazismo, na segunda guerra mundial. Há de se convir que, ainda hoje, deparamo-nos com traços de barbárie no cotidiano, as distinta expressões de violência, a exemplo: abuso sexual, tráfico de pessoas, mortes de mulheres por parceiros afetivos, assassinato de jovens do sexo masculino, assassinato de pessoas homoafetivas, suicídio de homens em situação de desemprego, perseguição e morte de pessoas de religião de matriz africana. Temas como gênero e diversidade, entre muitos outros, tratados no PEE, trazem a possibilidade de delinear processos educativos que rompam com a cultura da violência. O problema não é que menino jogue bola ou brinque com dardos, que menina brinque de boneca e de casinha. A questão é a violência da interdição na ultrapassagem dessas fronteiras.  Trabalhar a educação para a igualdade das relações de gênero e diversidade, entre outros aspectos, é dizer não à violência. É vislumbrar uma sociedade que não reproduza, por exemplo, homens embrutecidos, autores de violência contra si mesmo e ao outro do mesmo sexo, contra pessoas que fogem do padrão de sexualidade e contra parceiras afetivas.

 

* Professora da UFAL e Doutora em Comunicação Social.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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